Cachoeirão dos Rodrigues ameaçado por represa !
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

A Grande Invasão. Parte 2




Saindo da pousada, eu vi o amanhecer mais belo da minha vida. A cerração baixa escondia os matos de pinheiro enquanto o sol se erguia atrás dos cumes.
A viagem até o rio Silveiro foi o "cão" de novo, mas pelo menos estávamos perto. Erramos o caminho naquele o número infinito de curvas e porteiras até que tu fazes uma curva no alto do morro e encherga o rio. Todo o sofrimento foi recompensado. É uma sensação que todas as pessoas que já foram lá fazem tentam de descrever e que se repete sempre que volto lá. É dificil até explicar. Tu és sobrepujado com um sentimento de surpresa e admiração pela beleza simples e grandiosa da natureza do local. É uma recompensa e um alívio.
De repente tu se da conta que vai poder pescar alí e a adrenalina inunda a circulação.






Uns queriam parar para tirar fotos, mas havia pressa.
E chegando a beira do rio. Outro choque
Todo aquele povo. Vestindo waders.
Naquele ponto da história, a maior concentração de pescadores com mosca da história do Brasil.
Uma invasão sem dúvida.


Tinhamos que nos acotovelar nos primeiros pesqueiros como estivessemos o East Branch do Delaware esperando o hatch the Green Drake. O que diria o tio do meu tio Harvey Brown ( eu tenho uma família grande) que pesca na sua terra natal, Nova Zelândia, diz que um mal dia de pesca é aquele em que ele encontra outro ser humano.




De qualquer modo, ninguém queria perder tempo com bobagens e descemos das vans ja colocando os waders, botas e montando e equipamento. Eu tinha sofrido um acidente com a minha varinha 4, zero kilometro, então tive que apelar para minha vara Cortland, remendada, que foi a primeira ferramenta usada na arte do esporte silencioso.




O Varella estava limpando a corredeira da ilha, uma atras da outra com seus grandes arremessos. "- RAINbow." "-RAINbow". Ali nasceu um mito.
Isto provocou mais pressa para entrar no rio.




Estava curiosamente quente, com sol na mufa e toda a expectativa. e o rio parecia baixo e resolvi botar hip waders. Perneirnas impermeáveis, ao invés de cozinhar dentro do macacão de neoprene. Roupas especializadas para entrar no rio sem se molhar.
Uma coisa que a maioria dos pescadores de primeira viagem não sabe sobre pescar em rios de montanha é o quanto são perigosos. O rio por não parecer largo ou fundo parece inocente. O Silveiro, nas minhas andanças, é um dos mais traiçoeiros. O fundo dele de rochas de formas irregulares e com bordas ponte agudas. Pedras grandes parecem dar sustenção para quem atravessa mas elas costumam ceder. A cor escura e refração e reflexo da luz na água enganam o pescador. Como a maioria dos pescadores já aprendeu, no Silveiro para "wadear" é preciso cuidado, de preferência cruzar nos "passos" e com uso de óculos com lentes polarizadas e a ajuda de um wading staff, uma bengala, para dar equuilibrio.




Eu já tava vestido de festa, o Magnani nos recebu e deu umas dica de lugares pra pescar e fui para dentro do rio.
A primeira decisão que tomei foi de usar linha sink tip, que flutua em sua base e afunda nos metros finais, junto a mosca. Para qual o Tita, perguntou meio que rindo, por quê. E ele estava certo, em parte. Nós não sabiamos ainda o o suficente. Eu para variar tinha uma resposta convincente, para "levar a mosca ao fundo com melhor controle" . Ele aceitou a resposta, pois era bastante articulada, mas poderia pescar sem sentir falta da parte que afundada pois o rio parecia raso.
Eu pretendia pescar com ninfas, imitações de larvas de insetos que ficam mais profundas, então tinha lógica jaudar as iscas a afundar. Mas não precisava de sink tip.
Ele resolveu usar gold bead.head hare's ear. Um ninfa feita de pelo que leva um conta de metal dourado incrustada junto ao olho do anzol. Espertamente, esta conta metálica da brlho e lastro para mosca afundar. Naquela época era uma novidade, uma mosca rara que o nobre doutor trouxe dos "estêites". Desconfio que só para torturar os amigos que ficaram loucos com a eficiência do material e desesperados com o fato que só uma pessoa as tinha.




Bom, eram ninfas então.Eu queria ser um pescador sofisticado. Não queria botar um streamer ( uma imitação de alevino), atirar rio abaixo e recolher com se estivesse pescando de molinete e iscas aritficiais "ordinárias".
Já que eu estava finalmente pescando trutas em um rio, queria usar imitações de insetos. Queria usar a corredeira ao meu favor.
A verdadeira arte.
Mas a aquela altura , eu por mais que ja tivesse lido, nunca tinha pescado trutas em rios e tinha pouquissíma experiência em geral sobre a estratégia envolvida em escolher a isca, e como apresentá-la ao peixe de modo que este convença que se trata de comida.




Por razões estúpidas, eu escolhi larvas de tricópteros (caddisfly, parece com pequena mariposa que vive em ambientes aquáticos) basicamente porque era a minha mosca de aparência mais "profissional", atei elas usando um fio tubular de silicone de cor verde quando enrolado no anzol da a forma do corpo segmentado de uma larva. Poderia ter escolhiudo ao acaso e ter os mesmo resultados. Ruins ou bons, mas por sorte funcionou.
Provavelmente funcionou não pela mosca em si, porque e ela reprensentava de fato uma comida comum a truta do local, o que eu não tinha como saber. Funcionou sim porque eu escolhi de cara o lugar certo para pescar. Eu tive que me deslocar até o meio do rio porque os lugares que pareciam bons mais perto das margens estavam ocupados. Não é uma tarefa fácil cruzar um rio de aguas rápidas. Precisa de força nos mocotó (por sorte eu adoro feijão) e cuidado. Cruzando por uma parte mais rasa, eu vi um parte do rio aonde a água ficava mais escura e o movimento da correnteza parecia cessar e formar um espelho. Certamente um buraco, certamente aonde eu deveria achar os peixes.




Então resolvi partir para o que se chama em inglês de "short line nymphing", algo que só imaginava saber fazer, de tando ler o conceito. Um arremesso curto alguns metros rio acima do local aonde os peixes deveriam estar para que a mosca (a isca) afundasse ao nível dos peixes. E recolhendo pouca linha e controlando a folga que a correnteza cria ao trazer a linha rio abaixo em minha direção, erguendo o caniço e retirando da água a linha que sobra. Quando a mosca passa pela frente do pescador e passa a descer rio abaixo, basta ir baixando o caniço para que a folga da linha volte para água e a mosca siga descendo o rio na mesma profundidade. Qualquer irregularidade na navegção rio abaixo significa que a mosca parou em algo. Um galho, uma pedra e ás vezes até peixe.
Finalmente a hora da verdade, aquela para qual o Karate Kid aprendeu a técnica do grou com o sr. Miyagi.
Me postei junto ao "pocket water", o tal buraco e comecei a jornada.
Um arremesso, dois, três. Nunca estive naquela situação antes e sem ter quem pudesse me conduzir tive que contar com paciência e sorte. Coisas que nem sempre tenho.




Então....eu levantei a vara, e a linha não desceu a correnteza, eu puxei a linha e esta me respondeu com um puxão...
Pedras não respondem. No entanto, galhos por serem flexíveis, sim
Mais um puxão. Mais uma resposta.
Mas tremido, com um certo desespero.




TRUTA !




Não era um peixe grande, e não foi uma briga memorável. Mas como Lefty Kreh escreveu que nunca níguem morreu do coração pescando uma truta. O grande barato é resolver o quebra cabeça. Botar a prova o conhecimento e a habilidade do pescador. Uma truta de duzentas gramas pode ser o desafio mais técnico que existe.




E depois de esperar por esta oportunidade por tanto tempo e ter passado por tudo que passámos para chegar até aquele rio de águas claras e com o dia perfeito nos emoldurando. Aquele peixe era perfeito.




Eu ali com aquele pequeno peixe na mão,pude admirá-lo e soltá-lo, orgulhoso de minhas habilidades. Pude me dar ao luxo de desprezar a ignorâcia de não ter certeza de como aconteceu e erguer o meu peito tentando ver se alguém havia testemunhado a minha transformação em um gigante.




Ninguém viu.
Não importa.
Eu era agora um gigante.




Mas não por muito tempo...




(continua)




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