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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Voltando a Esquina - Os preparativos...

Tinha pouco menos de 48 horas para arrumar as coisas para a pescaria.  E tinha que conferir a minha tralha, que pela primeira vez em anos estava  quase toda em casa.
Aqui cabe um explicação. A turma que vai para Esquina sempre foi crescendo conforme a gente ia convidando o pessoal para ir.
Neste momento o pescador de primeira viagem enfrenta um dilema. O problema do material. Vara, carretilha, molinete, os bens de consumo duráveis. Os anzóis e chumbadas,  estas coisas se consomem em tranqueiras, linhas arrebentadas (peixe muito grande, pessoal).
O que acontece é o seguinte, todo mundo que ir pescar mas ninguém quer comprar um caniço bom e uma carretilha descente."-Afinal só vou pescar uma vez ou se for mesmo para dedicar, no máximo duas vezes por ano.  Nas pousadas tem material para alugar mas mais barato ainda  é pegar emprestado !


Neste tempo em que tenho pescado conheci quatro tipos de pescador em relação a tralha. Este pessoal que vai a Esquina com material emprestado, que poderiámos chamar de pessoas com medo de compromisso.
Os colecionadores, que compram toneladas de material e nunca usam.
Os mulita, que pescam dois anos com a mesma linha e carrega só com meio carretel de linha nova pra economizar e só pesca robalos com as mirrolure que comprou na época do FHC que estão todas remendadas e repintadas. Tipo do cara que "empresta"  o seu molinete Paoli  pro filho pescar. Vou levar livre o molinete Abu do Pastel porque é um clássico. Pescava  "flukes" e striped bass  na Chesapeake Bay em 1971 e ainda roda macio.
Os fanáticos, que compram muito material e pescam muito. Mas no fim de dez anos, possuem algumas  dezenas de caniços e carretilhas. Acabam lhe faltando dias no ano para usar tudo o que possuem . O inventário do Paulinho Guedes é legendário.
Dizem que existe ainda um quinto tipo de pescador, aquele que tem o seu  própio material no tamanho e na quantidade certa de suas necessidades, no entanto o número deles é  estatisticamente insgnificante e eles podem ser ignorados.


 Eu sempre que não vou, empresto meu material. Um um negócio arriscado porque caniços quebram ! Mas até hoje estamos todos bem. Só que as vezes tem que fazer pericia forense prara descobrir aonde é  que estão as coisas.  Este ano achei um caniço de fibra Grilon, que comprei para a minha primeria pescaria em  Esquina  que estava sumido a uns cinco anos. É pesado e lento mas é guerreiro, levantei pintado cuiudo com ele naquela pescaria. Além do mais é uma arma em potencial. O Bruce Lee dizimaria um exército com uma vara de fibra de vidro de 50 libras. De ultima hora não achavacom o meu caniço St.Croix, um pitching stick seis pés e meio, 25 libras , canicinho  meio  frágil pros Paranazão ou por bichos muito grandes. Mas é uma vara de grafite II bem levinha e rápida. Perfeita pros dorados chicos e ainda lida bem com "señuelos" , as artificiais. No fim das contas faz a pescaria ficar mais emocionante e técnica  Na hora de empacotar as coisas, o caniço não tava no tubo. Putsgrila tava na casa do Mano (aquele da quadrifeta),  porque  foi da casa de um pro outro e eu tinha que ir pro Botequim trabalhar de noite e tinha compromissos de tarde. Entrei de tubo na mão no consultório da Dr. Sandra Stechmann e deixei parado na sala de espera. E iria atrás depois do St. Croix..
De estimação, não poderia ir sem ele. Comprei de barbada na Rossi quando pouco antes de sua derrocada eles resolveram importar material de pesca e acabaram liquidando o inventário quando fecharam. Foi uma liquidação legendária. Muitos caniços  daquela leva circulam por Porto Alegre e todos os pescadores tem aquele sorriso "Comprei de barbada!"


Trabalhando de noite, a manhã definitivamente não é a a parte mais útil do dia, então foram dois dias bem corridos para botar tudo pronto. Como iámos de carro, resolvi ser minimalista na bagagem, o acarretou em um calça a menos que o necessário. Mas  estava indo pescar não a um desfile de moda.


 A turma da pesca seria ótima,colegas de trabalhos de muitos anos  do Luiz,. Comecei a frequentar a turma por causa da pescaria e das jantas na sinuca. Além do Tarci  e  Pintado ( João Finanor) que formam a histórica equipe do 'papamovel', outra história a ser contada. Iriam também o Bins e o Araujo. Dois sujeitos muito legais mas de temperamento, ahn,  curioso.  A coesão e o grupo menor seriam garantia de alguma harmonia no grupo. o nível de loucura é bem alto, mas em harmonia. Como se fosse tui chou (tai chi chuan de duas pessoas)  de palavrões.


Combinei com Luiz sair do consultório  ir no Mano pegar o caniço e irmos pro Tarci pra carregar a camionete do Pintado. Se voce não leu sugiro que leia o post sobre o John Gierach. Ajuda a  entender o universo dos pescadores e das pescarias. O Tarci  é do tipo superpreocupado. Chegamos na casa dele e ja saiu na rua de cabeça baixa, balançando a cabeça negativamente.


"-Eu sabia que não ia dar certo... Tem sapo enterrado nessa pescaria."
Achei que alguem tinha morrido. Mas pensando bem é engraçado pacas.
"O Pintado, acho que ele não vai mais. Tá uma fera !"
"Mas cadêlhe ele ? Aonde tá camionete ?"
"Ele deixou para lavar e abastecer no posto e botaram gasolina em invés de diesel. Acho que não vai dar."


Perto do Tarci o Hardy Har Har é um otimista.


Houve algum stress para resolver a situação. Tinhamos que descarregar as coisas que iriam na camionete e ja eram quase oito horas eu tinha que ir pro bar que tinha reserva grande de aniversário. E a saída no outro dia estava marcada para seis da manhã.


Liga pro Pintado
. "- Liga tu. " diz o Tarci, "Porque eu sei quando o Pintado esta ficando brabo comigo e ele disse que só quer carregar o carro na hora de sair."  Era ruim porque atrasaria  a saida. 
A solução teve que ser negociada pelo Luiz, carregariam o carro na noite mas sairiamos uma hora mais cedo.


"Quem saí as seis, sai as cinco! " Disse o Pintado,  fácil para ele dizer já que é  insone enquanto eu certamente não iria dormir antes das três da manhã. Só torcia que todos dormissem bem e estiveseem descansados para pegar a estrada, porque eu estaria na capa da gaita.


 Eu estava ansioso, fazia muito tempo que não ia pescar e eu queria que tudo fosse certo, material, viagem. Por outro lado, estava bem satisfeito em ir então o horário não era problema. A estrada  me preocupava, então comprei uns energéticos para aguentar o tranco. Não sou do tipo parceiro canalha de viagem que se vira e dorme enquanto o outro dirige. Só pode dormir quem vai depois pegar a direção.
Também  me incomodava o fato que eu não iria pessoalmente colocar as minhas tralhas dentro do carro. Me causava aquela sensação de desconforto que a gente tem quando sai de casa e não sabe se desligou o fogão. Ou se trancou direito as portas.


Mas pensando agora, o material estava sob custódia do Tarci.
Um sujeito bem mais neurótico do que eu.
Estavam em boas mãos.


<continua> 


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