Cachoeirão dos Rodrigues ameaçado por represa !
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sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Esquina...


João Pintado Finamor mostra sua técnica refinada de pesca e devolução.




Ter perdido aquela corrida do peixe grande me deixou meio envaretado.
Como estávamos no Paranazão, nem palometa aparecia. Não me lembro bem
do saldo, saiu algum peixinho para fazer no almoço e alguma palometa.
O problema foi tal peixe que escapou.

Na verdade o problema era a linha.
Me sentia mal pela possibilidade de ter botado a perder por razão de avareza.
E tem outra coisa, orgulho. Muitos pecados capitais envolvidos.
Já tenho alguma experiência e algum conhecimento de pesca. Passei anos, porque
não dizer, estudando a pesca. Mais especificamente a truta na mosca.
Sou sócio da ARPIA, nunca participei muito de competições, mas convivi com pessoas que
buscam aprimoramento técnico. Desde ler material técnico, experimentar materiais,
treinar nós (fundamento básico).
Olhei a linha da minha carretilha e por avareza resolvi não trocar.
Eu testei ela antes e a resistência e a aparência era boas. Só era muito grossa.
Como eu disse foi o Pastel que havia comprado na pescaria anterior.
Então não era muito velha, mas foi um erro contrariar um príncipio básico.
Sempre se deve ir um pescaria destas ou para um nova temporada com linha nova.
Com mais  vinte reais eu teria comprado paz de espírito ou pelo menos um bode expiatório.




No almoço a história do peixe gigante não ganhou muito crédito.
Se o Sapo fosse personagem da Escolinha do Prof. Raimundo o chavão dele seria...
"Impossível."




Como a já tinha sido anunciado no rádio nem perdi meu tempo argumentando.
Não era lugar de "toco" e o peixe rebojou. Dada as circunstãncias, talvez fosse melhor
ser um enrosco, mas infelizmente rebojou.
Mas aí o Araújo comentou e lá veio.
"Impossível"




Almoçar na barranca é uma das melhores partes dessas pescarias.
Para esticar as pernas.
Cumprir as obrigações metabólicas em terra firme.
Beber um trago e fumar o que lhe for mais do gosto. Sempre levo uns charutos .
Menos quando está chuvendo, dái é broca! Barral! Melhor ficar encolhido no barco comendo a vianda.
Mas o tempo estava bom e ia rolar um assado de tira pro Bins que não come peixe (a religião dele não permite comer animais pobres em colesterol)
Na verdade, ele disse que já tentou várias vezes mas não consegue.
Para os písicivoros, dourado assado e todo o resto frito.




El Frito é uma tradição local que nós gostamos mas que precisamos que nos adaptar.
A idéia é fritar o peixe esquartejado em óleo quente. Normal mas não usual.
Lá, por costume e necessidade, saiu do rio, entrou panela.
Palometa, pati, raia, armado... Dourado e surubi por certo são "delicatesses".
Na primeira pescaria fomos apresentados com grande pompa para "el frito".
Um cara da turma de Caxias descreveu como se algo mágico, era peixe frito
com pele e escama mas era delicioso.
As escamas do dourado pegavam uma consistência de batata palha.
Certamente não me deixou com água na boca.
Eis o que eu vi naquela primeira vez.
Os piloteiros desmatam uma pequena área de mata nativa, e provocam um pequeno incêndio florestal, em seguida botam um caldeirão de ferro, daqueles da Maga Patalógica em cima do fogo. Então vinha o segredo dos artistas. Três tijolos de um kilo de banha cada um do tamanho de dois tijolos refrátários, daqueles de montar churrasqueira. A cor era parecida também.
A cena é classica. Embaladas em sacos plásticos como se fossem um peça de queijo lanche, eram postas na panela ao escorregar para fora da embalagem aberta em uma das extremidades.
Quando a banha fica perto do ponto de fissão o peixe é gentilmente mergulhado para ser frito.
Pois qualquer movimento em falso poderia significar a destruição de uma ilha do rio Paraná.
O peixe não era ruim, mas tinha um gosto prenunciado que não podiamos identificar.
Para se evitar o tal gosto é preparada um "alineamento" com limão, agúa, sal , pimenta e
qualquer outro tempero em pó que por ventura esteja a mão. O que pode ser os equivalentes argentinos do Sazón.
Fomos analisar a banha, certamente o elemento responsavel pelo tal elemento de sabor não identificado. Era composta "de grasa ovina e bovina".
À razão de três por dois, mas não me lembro para qual animal. Enquanto muitos lambiam seus beiços, nós prosseguíamos com extrema precaução.
Houve gente que levou alguns tijolos para casa mas se bem lembro de 15 pescadores, uns treze tiveram diarréia. Sem contar comigo que sempre tenho e não posso culpar o graxa.





Voltando a nossa recente ida, comemos peixe frito, apesar da pela predileção pelo dourado
assado, em especial, suas bochechas.
A partir da segunda pescaria El Frito passou, por nossa exigência e para contrariedade dos guias, a ser executado em óleo vegetal. E o tempero, só água, limão e sal, por exigência do Luiz.
Estes almoços são sempre descontraidos com mentiras e descrição dos melhores momentos da pescaria.
Os sérios e os engraçados.
Complicado era resolver o que se faria da pescaria á tarde. Seguir no Paranazão ainda era a indicação dos guias, mas estava devagar. Mas por certo era bom arriscar um peixe grande enquanto o vento não aumentasse.
E fomos ao Paranazão. Eu estava propondo alguns arremessos contra o barranco.
Que é a forma mais divertida de se pescar com iscas vivas. Talvez por se parecer com pesca de arremesso com iscas artificiais.
A tarde foi menos produtiva que a manhã em número de ações. Eu tive outra linha arrembentada brigando com um peixe. O que causou um pouco de apreensão de Macchi ,o nosso guia. Ela já estava encarnando no meu caniço "muy blandito", por isso eu deveria estar perdendo as ferradas.
Nada disso. A minha mão estava ruim, eu estava muito ansioso.
E a linha.
O Macchi testou e puxou, e não teve força para romper ela. Que era bem grossa.
Mas ela estourava nos nós. Com facilidade.
Daí tive que aplicar os conhecimentos, como diz o Ico.
Eu estava amarrando os empates com nós de correr, clinch knot, que sempre foi usado pelo pessoal de Esquina e sempre usei como forma de respeito e para mostrar conhecimento de "cultura local".

A grosso modo, existem dois tipos de nó pesca . Nós que prendem por enforcamento como clinch knot. Que funciona bem para linhas que possuem alguama elasticidade mas são ruins em casos contrários, como linhas mutlifilamento e monofliamentos duros, como material para líder Mason e fluorocarbon. Estas linha são conhecidas por ser ruim de nó. Costumam escorregar.
Para solucionar devemos apelar para o segundo grupo de nós. Nós que prendem por trancamento como o Palomar e o Duncan loop.
O teste do piloteiro mostrava que com certeza o monofilamento tinha o que se chama no Estados Unidos de "poor knot strenght". Em geral, sinal material inapropiado ou de pouca qualidade.
A solução foi mudar o nó . Passei a usar o Palomar que é fácil de atar mantém quase 100 % de resistência da linha. Ao contrário, do clinch knot, que dá um pouco mais de 90%. Sempre atei com o pessoal de lá, com a linha dobrada para aumenar um pouco a força do nó. O improved clinch knot não é viavel pois com as linhas costumam ser muito espessas,  e o nó não fecha bem.
Provavelmente acertei, porque não estorou mais nenhum nó.
O site Pesca Amadora tem esta ótima página sobre nós de pesca.
O Araújo começou a ter problemas com o molinete dele, que quebrou uma peça, mas ele conseguiu readaptar. Ele estava com um caniço do Luiz, 30 libras. Forte, mas meio curto. Com tanta linha na água para amortecer a ferrada é necessáario ter uma alavanca forte. Uma vara e rápida e mais comprida é mais recomendável para ter ferradas mais firmes. Ainda mais considerando o tamanho dos anzóis.
No final da tarde, conseguimos através de contatos de rádio pegar algumas informações e resolvemos ir pescar contra as barrancas do Paraná.
Pelo menos ali a pesca é seria mais dinâmica.
Em alguns trechos do Paraná o canal se aproxima bastante das barranacas, sem bancas de areia ou buracos.
O barranco, alguns metros rasos e um precipício para o canal. Água correndo forte. Lugar excepcional para pescar quando o dourado e o surubi estão caçando peixes menores que ficam junto ao barranco. O pessoal do papamóvel estava com iscar articiais corricando.
O corrico ou trolling é uma modalide de pesca com iscas artificiais meio chata mais efetiva onde se largam as iscas artificiais a alguns metros do barco e as rebocam com o barco a baixa velocidade.
O arrastar do barco faz as iscas "trabalharem" e os peixes atacam as iscas e se ferram sozinhos.
É especialmente popular na zona no do rio Paraná entre Ituzaingó e Paso de la Pátria ande costuma cobrar dourados e surubis muito grandes.
Só acho é meio maçante passar o dia inteiro rodandode barco e as vezes ter três ou quatro ações.
Mas lá no papamovél saiu algun douradinho , e o Sapo teve uma corrida sensacional de um chafalote, uma cachorra.Com saltos e tudo mais.
Nós  optamos por  arremessar contra barranca e  tivemos algumas ações e o Bins levantou uns doradinhos.




Hamlton Bins devolve mostra o dorado e depois devolve pro rio pra se criar



Anoiteceu e voltamos para Pousada num dia "duro" de pesca.
Nenhum peixe de medida, que são os peixes que pode ser abatidos.
Não que se que a preocupação seja trazer peixes, pelo menos para nossa turma.
Tinha uma turma lá que chegou dizendo que tinha pegado alguns peixes de medida,
mas aparentemente não era o caso. Eles levaram os peixes da qualquer modo.
Infelizmente, brasileiros, tentando dar o "jeitinho".
Mas o número de peixes de medida importa para dar a avaliação da qualidade da pesca.
O ideal é ter que devolver ao rio vários peixes de medida por dia.
Estámos moídos e prontos para comer um bom bife de chorizo.
Na hora da sobremesa repetiu uma cena hilariante da noite anterior.
Eu pedi um queijo com doce leite. Um fatíão de queijo com uma pázada de doce de leite.
Loucura total.
O Pintado ficou louco. Mas como queira sorvete, pediu "helado com dulce de leche".
Daí trouxeram um potinho de plástico com sorvete.
"Mas cadê o doce de leite ?"
" Dentro do sorvete !"
"Como assim... Não. Eu quero o doce de leite aparte..."
O atendente da pousada era meio baldoso. Meio contrariado,afinal havia trazido o que lhe fora pedido, trouxe um daqueles potinhos de café da manhã de hotel de doce de leite Sancor.
" Não". disse o Pintado.
"Eu quero em um prato, espalhado que nem veio no queijo !"
" Mas es la misma cosa señor !"
"Não é não !"
Vamos passar o resto da vida explicando que era o mesmo doce de leite,
em embalagens diferentes mas não acho que consiguiremos convercer o Pintado.
E este que não me leve a mal, mas acho que o dilema se debruçava sobre a quantidade de doce.
Após a janta, restava saber quem iria ao casino. Para chamr o REMÌ.
(Ver dicas de portunhol TTKOS)
O Tarci estava tão cansado, que me negou uma carona até a cidade já  que eu queria comprar
uns badulaques: vinho, azeite de oliva e quem sabe lâminas de barbear, se fossem mais baratas que em Porto Alegre. Mas o Tarci deu para trás e por certo que não iria ao casino.
Eu também não fui, budget. O Araújo não se emociona com a coisa.
O Pintado e o Bins, raia um e dois para pegar o taxi..
E o Luiz disse, que como na noite anterior não iria. Estava muito cansado.
Na noite anterior, O Bins havia ficado supreendido com tal atitude.
Afinal, casino é casino. Declarou que o "Sapo já não e´ mesmo"
Mas depois de  tanta estrada é bem razoavel descansar.


Mas um segundo dia.
A coisa era séria O Luiz fez uma cirurgia ano passado e está  se aproximando da casa dos sessenta. .
O Pintado se enterneceu com um ar irônicamente preocupado. Ele  que já tinha passado por cirurugia semelhante e um pouco masi velho  que o Luiz e recentementee se tornou um herói dos casinos, declarou :


"É, tá certo o Bins. Eu não o que está acontecendo mas o Sapo já não é  mais o mesmo!"


<continua>


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