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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O melhor dia de pouca pesca da minha vida! (parte 1)

Na verdade pesquei muito, o peixe que era o problema. Mas no bom sentido.
Mas antes de chegar lá, deixe explicar como eu cheguei lá.

No magnífico ano do Senhor de dois mil e e um, eu embarquei em uma odisséia não no espaço mas de pesca na região do Lagos da Patagônia. Se bem que as formações rochosas cortadas pelo rio Malleo poderiam passar, em uma foto em preto e branco, por uma paisagem lunar.


Sem Rosto na Hosteria da Turca

Eu achei que o mundo ia acabar e resolvi usar o resto de umas economias para ir pescar na patagônia
Duas coisas que eu não sabia : que a economia da Argentina ia explodir e pela grana que eu passei lá quinze dias eu poderia ter ficado a temporada inteira no ano que seguiu e que o mundo não ia acabar se eu não fosse naquela temporada com os meu amigos.
Mas como teve muito preparação, planejamento e comprometimento e eu estava com a mente preparada para ir.
A a temporada prometia, com um ano de boa qualidade de água depois de alguns anos difíceis.
Eu havia lido Naci Pescador do Jorge Donovan.
Então, eu era um lemingue. Não me arrependo foi um baita pescaria.

Eu havia conhecido o admirável Beto Saldanha no ano anterior e ele foi sábio o suficiente para nos ensinar que uma semana é muito pouco.
Para poder pescar decentemente, no mínimo 15 dias. Uma lição para vida.

Como a maioria das pessoas só podem ficar uma semana mas eu e o fabuloso Beto Saldanha ficamos lá os quinze dias e fizemos duas "pescarias" acompanhando duas turmas. Na primeira turma foram Paulo Schreiner (Pablo el viejo), o lendário Paulo "Maracha" Oliveira ( lenda viva do Mampituba, entre nós também conhecido como Pablo, El Bizco) e o aclamado Ruy "Bico" Varella..
Na segunda turma vieram Dr.. Tita Kroef, Dr. Claudião Oliveira e seu cinto de utilidades, O Dr. Benjamin " Tartaruga" Ratzkowski e os já conhecidos do TTKOS Irineu Rocha, o ìcone peloduro e Carlos Iotti, antes de se transformar na multinacional Radicci Inc.

Entre uma turma e outra ficamos e o paciente Beto em Junin de los Andes, dois dias antes que a Tartaruga atacasse Junin de Los Andes.
No primeiro dia, estávamos meio despreparados para ocupar o dia e eu cansado. Estávamos instalados na lendária Hosteria Chimehuin.
Quando o rio Chimehuin foi descoberto como pesqueiro de trutas e os pioneiros do flyfishing iam pescar se instalavam la. Gente como Jose Bebe Anchorena, Charles Radiziwill e Jorge Donovan (o autor de Naci Pescador) que acabaram recebendo Joe Brooks pra pescar La Boca e este um autor prestigiado nos Estados Unidos contou para todo mundo aonde se fazia uma das melhores pescarias de truta do mundo. Ao fim do dia todos os pescadores se juntavam as mesas de jantar para contar e histórias junto ao propietário José Julian Buamcha, El Turco, e comer os pratos feitos por sua esposa Doña Elena. Que apesar de sua origem alemã era chamada de Turca, também.
Para a minha geração e a que me precedeu, era simplesmente a Pousada da Turca, já que esta enviuvou relativemente moça, mas seguiu administrando a lendária pousada de maneira peculiar. Um tanto intransigente, as vezes dava palpite até no modo como seus hóspedes deveriam gastar seu dinheiro de viagem. O dinheiro que às vezes ficava em sua guarda por segurança e que ela liberava baseado na quanto ela achava que pessoa deveria gastar.
Hoje desgastada pelo tempo, a Hosteria tem um ambiente daqueles anos mágicos com fotos de lendas da pesca e peixes empalhados e a história da pesca com mosca da Argentina assombrando aquele ambiente.. Lá ainda tinha, quando eu fui, o charme que te faz sentir parte daquela historia. E, infelizmente, um certo cheiro de mofo.

O rio Chimehuin , na sua parte alta. Desde "La Boca " no Lago Huechulaufquen" e a Garganta del Diablo até a cidade de Junin de los Andes, talvez seja o único rio do hemisfério sul que todos os seus pontos são folclóricos e possuem nomes própios e de onde de certo saiu um grande peixe em certa ocasião ou teve algum evento que mesmo irrelevante ficou eternizado por ter sido realizado por El Bebe. ( Passam as pessoas rememorando o lendário pescador na cidade: Acá morou El Bebe. Acá El Bebe saco una bestia. Acá El Bebe cago!)

Na Boca, aonde o Rio começa a drenar o Lago forma pegos os maiores exemplares de truta durantes os anos de ouro do rio, e a emoção era tanta que o "drawback" da adrenalina constumava gerar de modo epidêmico uma tremedeira nas mãos dos pescadores. À que Brooks batizou de "Boca Fever".
Lá até pedras tem nome. A Pedra do Principe, por exemplo, aonde Radiziwill costumava pescar. Descendo o rio pode-se pescar Pozo de la Viudas. Aonde a o rio cosntumava ser adajcente a uma fazenda que era de propiedade das viúvas de seus propietários.
Ou no Pozon de las Señoritas. Aonde se banhavam as funcionárias de um bordel.

A água do Chimehuin é capitulo aparte, apesar de me garantirem que o Quilquihue e o Traful possuem água mais límpida, é dificil acreditar.
Não fosse pela forte correnteza que quebra a superficie e reflete a luz erraticamente a água seria imperceptível. Quando a correnteza permite, fluxo e contrafluxo cria uma janela de água calma que ao descer o rio, dá a impressão que este é feito de puro ar.

Estando nós instalados no Hosteria Chimehuin, com vista para o rio. Na verdade um pequeno corrego que corre junto as fundos da pousada que forma um ilhota com um bosque do Chimehuin. Então era obrigação nossa pescar o histórico rio. Msa estávamos sem carro e eu sou um baita preguiçoso. Então nos pusemos a pescar o Pozo del Cura quie fica atrás da igreja de Junin, o pesqueiro clássico mais próximo da pousada. Entramos o rio pelo camping Laura Vicuña. Em outra ilha do rio. Local aonde a santa local ( Beata, por enquanto, o Benjamin não quis registrar a marrom que ele pegou no Malleo como milagre para ajudar a causa) foi banhada pelos cidadãos da cidade na esperança de baixar sua febre. Mesmo com a "ajuda" da água gélida do rio a menina acabou falecendo.


Una chica en el pozo del Cura

Pegamos uma ou outra truta, desconfio que nunca chegamos a botar as moscas no lugar certo. Fomos embora depois de poucas horas de pesca porque não fazia sentido seguir fazendo força para ficar de pé contra a corrente do rio sem ter uma pesca produtiva.

A saída do rio foi engraçada. Fiz tanta força para cruzar o rio e me manter equilibrado que ao sair caminhindo pelo calçamento não conseguia controlar as pernas. Erguia os joelhos em um movimento involuntário como se estivesse cruzando o rio ainda. Parecia que estava marchando na Semana da Patria (a gente fazia estas coisas no colégio, antigamente).
Como um soldado fardado de waders e portando um caniço.
Quando retomei o controle das minhas pernas arrumamos um rango e preparamos as atividades vespertinas. Eu estava necessitado de uma sesta depois de uma semana da pesca. Como diz o Alejandro Klap (tentando acalmar os clientes mais afobados, "En Argentina, hasta las truchas hacen la siesta.") No verão, o calor do meio dia realmente pode diminuir a ação e o melhor é deitar numa sombra de metabolizar o vinho. Então tirei uma sesta daquelas de 2 horas enquanto o incansável Beto Saldanha, se armou de cachimbo e tabaco Dunhill e foi matar as saudades das vielas de Junin de los Andes, quem sabe não teria ele uma namoradinha por lá dos tempos em que vinha pescar a Boca em um "dois chevô" alugado em Bariloche (Citroen 2CV- que junto a camelos era o unico meio de transporte confiável no Sahara) e a noite jantava junto as supracitadas lendas de outrem que ainda pescavam por lá (pois estavam vivos).

Eu estava vendo t.v. depois de serrar um lenha faceira, passava um clássico da terceira divisão do futebol Neuquino, quando o "bom rapaz" indignado adebtrou a habitação
"-Somos umas bêeeestass !"
" -Estou fúriOso !".
Fiquei preocupado, talvez um assalto.
.O estupefato Beto Saldanha então explicou.
Um menino pescando de latita " Um pivetinho..." enfatizou ele.
Usando uma linha o que chamávamos antigamente de "linha de varejo" enrolada em uma lata (a tal latita) e um spinner (um pequena isca artificial) pegou quatro trutas iguais ou melhores as que tivemos tanto trabalho para pegar. Ali no córrego, sob a nossa janela.
Continuou o nobre pescador carioca.
"- Este múuleque com uma lata vagabunda pega mais que nós com macacões importados e materiais caros."
Estava indignado com nossa incompetência e admirado com a competência do menino.
Os rios da Patagônia são todos regulados. Em alguns lugares pode-se somente pescar com mosca e a devolução obrigatória e em outras simplesmente não se pode pescar. Mas moradores de baixa renda das regiões ribeirinhas podem pescar o rio e capturar desde estejam pescando com "latitas". Equipamento que com que serve de atestado de pobreza . Assim de algum modo estávamos satisfeitos pois o "múuleque" certamente estava ajudando a levar comida para casa ou grana, se conseguisse vender a truta.

Não poderiamos ficar outro dia naquela lenga-lenga e eu já estava descansado e pronto para uma indiada. Alugamos então um carro e partiríamos na manhâ seguinte para encarar o fabuloso rio Malleo.

(CONTINUA)


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