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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Obituários

Semana passada faleceu Irena Sendler, pessoa não tão conhecida mas que marcou a história moderna,sabe...  da humanidade.
Eu não sabia quem era ela.
Saiu na ZH uma nota de obituário explicando que se tratava de uma heróína da Segunda Guerra Mundial. Uma enfermeira católica que salvou milhares de crianças judias durante a opressão nazista no Gueto de Varsóvia.


Li a nota no jornal e toquei a minha vida adiante. Provavelmente era uma matéria  da Reuters ou da A P. Uma noticia sobre uma pessoa fabulosa, mas uma noticia tão somente.


Mais tarde aquele dia estava ouvindo o podcast do Tony Korsheiser Show e ele leu o obituário de Irena Sendler escrito por Adam  Bernstein para o Washington Post.
Mr. Tony tem 40 anos de jornalismo, mais 20 ou mais anos de radio e t.v. Ele sabe ler uma nota.


Fui as lágrimas. Sério. Lágrimas emocionadas  correram pelo meu rosto.


O obituário fez jus à incrível biografia da senhora Sendler. É brilhante.
Esta semana Kornheiser leu outro obituário. De um bilionário americano que morreu pobre devido uma vida recheada de investimentos estúpidos, casamentos fracassados e o uso indiscriminado de drogas.


Outra vez era brilhantemente bem escrito.


O apresentador do programa então afirmou que os obituários podem  ser a parte mais bem escrita de um jornal.


Considerando o que eu conheço dos jornalismo americano, estou inclinado a concordar.
Não é uma crítica ao jornalismo brasileiro nem ao jornalismo americano.
Mas por uma razão que acredito seja cultural, existe nos jornais americanos estas seções  de obituários incrivelmente bem escritas e respeitosas .
Perceba que um jornalista foi destacado para escrever o obituário da Sra, Sendler ao invés de ter uma nota de uma agência internacional.


Nestes obituários costumam também citar os descentes e parentes próximos escrevendo elegantemente que o falecido é sobrevivido por estes. "He is survived by his son John..."


Talvez devido a influência do Positivismo na minha familia e as minhas própias convicções sobre o pós-vida acho de incrível bom gosto dizer que as pessoas seguem vivendo na memória, no espírito e nas vidas  de outras pessoas que os seguiram e amaram.


Quero ser sobrevivido por muitos já que imortalidade por enquanto está fora de questão.


Gostaria de saber escrever um grande obituário. É um exercício complexo de síntese e demanda grande habilidade  no uso das palavras. Está muito aquém das minhas possibilidades.


Gostaria de ter um obituário bem escrito quando eu falecer. Provavelmente ninguém irá  se emocionar e ir as lágrimas com a história da minha vida.


Por enquanto estaria nas linhas de : "Gordo inútil que gostava de pescar..."


Talvez algúem caia na risada.


E  eu ficaria satisfeito pois algumas destas risadas seriam uma homenagem carinhosa.



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2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do comentário sobre os Obtuários e da relevancia do transgeracional; as pessoas permanecem vivas através da memória de seus descendentes, que os seguem e amam (coloquei no presente).
Desconhecia que dedicassem atenção especial a textos de reconhecimento e validação de uma existência e que finalize o texto da forma que relataste. Muito bom!
Abraços.
Sandra

Anônimo disse...

Interessante a visão jornalisitca de um obtiuario. Interessante também explorar os epitafios famosos ou homenagens em velorios. O do Joao Nogueira virou roda de samba.
No meu sugiro que me ofereçam um Blue Label , um Royal Salut, um bom vinho francês e por fim um chope com espuma cremosa (se possivel do Bracarense). Se eu não esboçar qualquer reação, pode enterrar que estou morto. No epitafio, nao importa com que idade eu esteja partindo, favor constar " Foi contrariado!". Abraço Louis Phillipe