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domingo, 4 de janeiro de 2009

Recuerdos do Chimehuin... (parte 1)

Então após dois dias de pesca no Chimehuin era chegada a hora de voltarmos ao Malleo.


Rio de predileção da maioria dos mosqueiros da região norte da Patagônia.


O Gregório estava especialmente empolgado pois lá seria um pesqueiro mais adequado ao seu novo "veneno".


As midges.


Midges, são dípteros da familia Chironomidae, buzzers para os britânicos. São popularmente conhecidos como mosquitos que não mordem. São abundantes em rios que costumam ser habitados por trutas. Em certas épocas do ano, ou são tão abundantes ou são a única opção de alimento para os peixes, fazendo delas uma excelente opção de isca.


O problema é que as midges costumam ser diminutas em seu tamanho, e por isso este nome....


Necessitando um equipamento especializado, paciência tanto para pescar quanto para amarrar e muita técnica. E apesar de seu volume infinitesimal, é possível pegar trutas de tamanho bem apreciável. Este era o desafio e o prazer que o Lê estava procurando.


Como os rios andavam muito baixos e em especial o caudal do Malleo estava diminuto, por sugestão de Doctor Kroef, iríamos a Confluência. Aonde o Malleo se encontra com o Aluminé.


O bom rapaz Beto Saldanha, que possuem raizes no Malleo desde o tempo em que a Pousada San Huberto cobrava menos de 40 dólares de diária. E ele pode provar pois possue até hoje a correspondência que recebeu dos Olsen com a tabela de preços.


Hoje acredito que supere os 350 ( nem me preocupo com valor exato, pois, infelizmente, a famosa Hosteria não faz parte dos meus planos de pesca).


O preço sai por conta de um saudável trecho do rio que só é acessível por seus clientes e boa caça de cervos e javalis, o que costuma atrair muito gringo com euros e dólares.


Mr. Saldanha achou a Confluência uma ótima idéia pois poderia testar suas varas em bambu de alta potência.


Dr. Renato Cassol, tinha sido apresentado à pesca com mosca a dois dias parecia estar pescado depois de um belo dia de pesca no Manzano. Desde que passássemos no supermercado para pegar uns vinhozinhos para a parada intelectual de cada dia, podia ser em qualquer lugar.


Eu estava um pouco frustrado.


Apanhei no Manzano. Pouco peixe e pequenos.


A certa altura eu estava com agua próximo do peito, claro sinal de desespero, arremessando contra as árvores que ficam junto ao paredão. No poção. Parede acima, deviam estar passando eventuais carros na frente do memorial improvisado ao Gauchito Gil. Não me lembro de ouvir outra coisa senão os sons do rio ecoando pelo paredão mas em meus pensamentos quisera eu poder agradar o santo popular para me ajudar naquela hora.


Talvez por representado por um lenço colorado, El Gauchito não me ajudou. Ao contrário.


Talvez tivesse sido a hora de ter apelado para a Beata Laura Vicuña.


Aflito com o correr da horas e o fim do dia que se aproximava, fiz o que um flyfisherman desesperado faz, se até as wolly buggers lhe falham.


Meti uma royal wullf . Planejava dar tiros a esmo e torcer para ser salvo pela sorte.


Em um dado arremesso, a mosca derivava rio abaixo e uma bela truta marrom saltou em uma ataque espetacular.


Eu reagi mas a linha partiu. Podia estar gasta ou nó podia estar mal dado.


Relatei o acontecido aos amigos.


O Lê não parecia acreditar muito. Tinha boas razões.


Não me conhecia direito,eu poderia ser um daqueles pescadores galhofeiros que não obtendo sucesso na pescaria inventava acontecimentos munchausenianos. Ele estava pescando com iscas muito pequenas e com sucesso. E trutas marrons,ao contrário das arco-íris, não são dadas a estes arroubos festivos de saltar.


O meu descrédito era mais sal na ferida.


E de nada adiantaria eu jurar que a truta saltou, vinda de baixo da mosca, e se virou no ar para reentrar na agua. Se fosse um desenho do Tom & Jerry , com a linha já arrebentada, ela iria parar em pleno ar e sorrir e piscar para mim enquanto ia se embora, com uma das minhas últimas royal wullfs boa.


Então, a Confluência do Malleo representava a chance de redenção.

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