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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Un recuerdo para El Viejo

No II EFFRGS pude rever meu amigo Paulo Schreiner, conhecido na região dos Siete Lagos como Pablo, el Viejo.

Me cobrou companhia em uma pescaria.
Disse que não vai ter muitos anos pela frente. Mas levando em conta sua vitaliade é provavel que dure mais do eu.

Mas tá na hora de eu lembrar dele aqui no TTKOS, por várias razões.

É um grande parceiro de pescaria. Sempre encara as estradas mais compilcadas com a sua C10 envenenada.

Paulo Schreiner. El Chime , 2001.

Além disso, é uma das duas únicas testemunhas vivas de uma marrom sensacional que eu peguei no Pulmari e não consegui fotografar.

A outra testemunha era o guia Pancho , el nuevo, que viu a marrom com seus olhos aquilinos.o problema que um bom guia é sempre uma péssima testemunha.
Alguém que, além de ser pescador, é contratado por ou outro pescador.Basicamente, trata-se de alguém que as pessoas acham que é mentiroso, com uma procuração para corroborar os testemunhos de pessoas que se tem quase certeza que são mentirosos.
E o rapaz é muito bom guia.

Como já disse anteriormente, não minto em meus relatos.
Às vezes, traído por uma mente ja corróida pelos maus hábitos, não me lembro com total precisão dos fatos e faço uso de licenças poéticas para preencher com estilo as partes que me fogem.

Ah ! A marrom do Pulmari...

Água abaixo dos joelhos, numa parte estreita do Pulmari, cercado por densa vegetação e menos daquelas pedras enormes mais comuns rio acima. Em 2001, só poderia estar usando em uma gold b.h. prince nymph tamanho 18.
Quando a marrom ferrou não devia estar a mais que meio metro de agua. E lutou com uma serenidade perturbadora.
Ah...Isto é outra história.


O fato que El Viejo é a única testemunha semi-acreditável do fugaz e raro momento de grandiosidade que vivi nas águas límpidas do Pulmari.

Por isso tenho sempre que lhe adular.

Quando nos encontramos ano passado, Pablo estava um pouco magoado porque o seu scrapbook com magníficas fotos e lembranças de pescarias e caçadas foi roubada em um furto de automóvel. Algo que tão somente tem valor para ele, extraídos por uma pessoa que deve ter um caráter muito pior que a média do mau-caratismo dos arrombadores de automóveis.

Entre os alfárrabios surrupiados havia uma carta que lhe mandei em resposta a um cartão de natal. Sete, talvez oito anos atrás.
De um lado a cópia de um cartão de natal que eu recebera de minha irmã, que era ilustrado por um sujeito vestido de papai noel "casteando" em um rio truteiro. Do outro lado, como sempre acontece, comecei a escrever alguma coisa rápidado tipo feliza natal e uma lembrança trouxe outra. E o cartão de natal virou um pequeno conto.

Era um "memento" que o Paulo trazia com ele, e que lamentou ele, se perdera.
Lá havia escrito lembranças de um dia de pesca no Quillen.

Yo y El Viejo, mais uma vez conduzidos pelo Pancho.
Na tribo, se é que uma tribo.
Uma linda área do Quillen de propiedade de um grupo Mapuche.
O acesso lá é na base da gentileza e aonde é sempre de bom alvitre corresponder a generosidade dos anfitriões com moeda sonante válida no território argentino.

Pancho, Pablo, Sem Rosto em uma magnifica flotada frustrada no Alumine.
Fotos feitas pelo talentoso Beto Saldanha.

Naquele dia, estávamos guiados e a coisa se resolvia pelo nossos contratados, ainda mais sendo o Pancho e sua fámilia lendas vivas da Pehuenia, em especial no eixo Quillen-Rahue. Era só armar as cañas e se tocar pro rio.
Pancho nos levou a uma pedra, grande o suficiente para nos servir de base e apesar do pouco espaço para o backcast.

A tal pedra fica a poucos metros de um head de um pool. Lugar excelente pra pescar.
Pancho queria que usássemos pheasant tails.

Reclamei que ia ser ruim de arremessar. O guia disse o arremesso não era problema. Deu uma olhada na minha caixa de secas e pegou uma adams parachute e atou no líder do Paulo.
E imediatamente a curva do anzol da adams, amarrou algo como 40 centimetros de tippet, e neste tippet, a pheasant tail nymph.

Ainda que estivesse familiarizado com a idéia de um dropper. Uma mosca seca com razoável tamanho e se possível, com boa flutuabilidade para boiar com a uma ninfa amarrada à ela, era um "rig" que eu não costuma usar e que tinha certa rejeição pela possível associação a pesca com bóia.

Doc Kroef faz pouco daqueles que incapazes de perceber o ataque da truta a um ninfa e tem que recorrer a "strikes indicator", um pequeno marcador de lâ, cortiça ou espuma que permite visualizar a descontinuidade da navegação da ninfa, que por estar em certa profundidade não pode ser visualizada. Tão pouco podemos perceber o sutil movimento que a truta faz para pegar um alimento que corre livre na correnteza.
Se faz necessária sensibilidade nas mãos para perceber as mudanças de pressão na linha. Talvez olhos humanos muito treinados.

Humanos com habilidades inferiores recorrem ao engenho intelectual e fazem uso de gambiarras como este tal dropper para superar o seus limites físicos.
O plusamaisagregado era que eventualmente a truta pode bater na seca. Assim, efetivamente, tinhámos duas chances de pegar os peixes.

Algo que El Doc costuma se referir como espinhel.
Imagino que o bom doutor não imagina da minhas tentativas em armar rigs de wet fly e czech nymph com três moscas.

Em contrapartida, não me animo com as suas histórias de fantásticas pescarias de trutas com streamers e linha sinking. Um mal hábito que aparentemente ele superou.

Mas então Pancho, el nuevo, deu a dica de montarmos droppers. Por inciativa própia passei, com alguma dificuldade, a montar o mesmo rig no meu material.

Outra facilidade causada pelo dropper naquela situação era que o arremesso era atrapalhado pelo posição que estávamos, empoleirados sobra a rocha com árvores eo barranco às nossas costas. Mas o arrremesso não precisava ser longo e o dropper garantia a apresentação. Tornando futil o meu esforço em fazer lean casts.

Eu ainda não havia terminando de atar a mosca seca quando ouvi o guia e o seu tradicional bordão.

"-Aí etá !".

E, um pouco um para o meu stress. El Viejo tinha engatado uma truta.

Quando o Pancho cantava a pedra, Ou a truta já estava, ou em breve estaria. A capacidade do Pancho de enchergar as trutas submersas é "second to none" como diriam os anglófonos.

Aquela foi a primeira de muitas trutas que o Paulo pegou aquele dia.
Executando para cima de mim algo conhecido como boqueira. Pegou muito mais do que eu.

Quando o buraco parecia ter parado de render, El Pancho indicou que seria a melhor estratégia pescarmos ou pouco mais abaixo do rio, numa linda corredeira que fica bem aos fundos das casas do pessoal que mora alí.

Em 2008 voltei lá com "O" Lê, o lendário Beto Saldanha e Doc Kroef. Outro dia muito agradável, que entre um gole e outro de vinho, no fez questionar o que é realmente luxo.

Todos os confortos que temos em nossas cidades grande ou menos conveniências tecnológicas e talvez socio-ecônomicas e culturais mas a possibilidade de ter o Quillén no fundo do quintal.

Eu resolvi teimosamente seguir empoleirado, e espremi um truta ou outra, quando me rendi ao óbvio e fui atrás dos meu companheiros.

Quando eu cheguei a parte mais alta da corredeira, vi uma cena de cinema.

Provavelmente, um pouco cansado de pescar fiquei em meio ao rio mais assistindo do que pescando.

Era um final de tarde e a luz e o cenário eram marcantes. Marcantes mesmos, não é só um jeito empolando de contar uma história.
Se passaram quase dez anos e a imagem ainda é viva em minha lembrança.

No meio do rio estavam o Paulo e o Pancho, atrás deles o rio corria pro entre árvores e arbustos até chegar a uma curva aonde tem uma pequena queda. De um lado há um algumas formações rochosas, um pequeno morro. E daquela curva, o Quillen toma o rumo de Rahue para desaguar no Aluminé.
As memórias talvez enfeitem as imagens. Mas lá estavam, destacados do rio pela luz do entardecer, os meus dois amigos pescando.

O Pancho apontava para o barranco do outro lado do rio. E para lá, El Viejo atirava sua mosca.
No entanto, parecia que algo não estava funcionando, pois momentos depois ele tentava novamente.
Apesar de eu lembrar que talvez ela tenha pego uma truta ou outra. A linguagem corporal do Pancho dava a idéia que devia se persistir no intento. Seu corpo parecia se inclinar em direção a uma parte do rio aonde a vegetação a beira do rio e o perfil da água pareciam diferentes das partes que a cercavam, que eram, em sua aparência, mais uniformes.
Talvez alí estivesse um pocket, um uma parte mais funda ou talvez uma pedra maior, capaz proteger um peixe de maior tamanho.
Talvez o guia estivesse vendo o peixe e dizendo pro Paulo, atira lá.
E o problema era, que a El Viejo, faltava um pouco de distância no arremesso.

Eu pensava com os meus botões. Já menos magoado da boqueira.
"-Vamos lá, só mais um pouco."
Não era mais mero assistente. Agora eu tinha um cavalo na corrida, estava torcendo pelo Paulo. Um arremesso mais ou menos, seguido de outro.

Até que tudo encaixou.

O pick-up teve energia e botou bastante linha no ar, o backcast se extendeu ao máximo e no tempo certo, El Viejo atirou a linha em direção ao alvo.

A linha de desenrolou perfeitamente, dois, talvez três metros além dos arremessos anteriores. A mosca foi bem aonde deveria ir.

Um momento de perfeição.

Seguido de outro.

Uma truta engatou.
Foi como ver um gol do meu time.

E passado o momento de tensão em que pensamos pelamordedeus não vá nada dar errado agora que estamos tão perto de chegar lá, o humor mudou novamente.

Quando a truta foi vencida e mesmo de longe podia ver que era uma peça muito maior que aquelas que estavam saindo durante aquela jornada

Agora eles se comprimentavam e comemoravam o feito.
Eu da minha cautelosa distância, estava agora feliz também.
Era un gran finale.

Devo ter erguido o meu chápeu e acenado para eles.

Era já o fim do dia, em em pouco tempo recolhemos a tralha e voltamos.
Mas se não saímos do rio mais ricos aquele dia. Certamente mais felizes. E dependendo da sua opinião sobre o uso de droppers, melhores pescadores.

E revivendo mais uma vez aquele momento cuja a imagem ficou tão limpidamente gravada na minha memória. E, escrevendo aqui para que assim permaneça para sempre, só posso acrescentar um momento de possível ficção.

Sempre imagino que quando o Paulo acertou o arremesso e a truta engatou, o Pancho dever ter dito o que eu senti naquele momento.

"-AÍ ESTÁ !"

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande texto Tinho!!! O "Véio Paulo" é um dos melhores seres que conheci nesse mundo da pesca... Gente boa demais.
Abração,
Ricardo Canali